Estamos vivendo mais diz o IBGE. De acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, a expectativa de vida da mulher brasileira alcançou
78,3 anos e do homem, 71 anos em 2012.
Se a tendência de crescimento da
população com mais de 60 anos se mantiver constante, o Brasil deverá alcançar,
segundo as previsões do IBGE, um universo de 64 milhões de sexagenários em
2050, ou 24,66% da população. Os números impressionam, pois em 2005, apenas 9%
da população tinha mais de 60 anos de idade, ou seja, 16,3 milhões. O aumento
da expectativa de vida do brasileiro é um fato comprovado pelos censos anuais.
Atualmente, ser um sexagenário e chegar a ser um octogenário não chega a ser
uma grande proeza, mas um desdobramento de uma série de conquistas médicas,
sociais e tecnológicas. Esta é a conquista de um sonho muito antigo da humanidade. O de
viver mais e melhor.
Uma pesquisa com dois macacos rhesus de
25 anos de idade apresentou alguns indicadores que apontam para uma
possibilidade de se retardar o envelhecimento; esta pesquisa foi feita
comparando os resultados de uma dieta com restrição calórica contra uma dieta
através de ração em farta quantidade.
A restrição calórica sem desnutrição
pode mesmo retardar o envelhecimento, pelo menos é o que mostram muitos
estudos científicos, tanto em animais, quanto em humanos. Em 2006, o primeiro
estudo em humanos submetidos à restrição calórica durante 6 meses foi
realizado no estado americano de Louisiana pelo Dr. Eric Ravussin e sua equipe.
Eles encontraram dois marcadores de longevidade positivamente relacionados à
intervenção nutricional de baixas calorias. Os pacientes foram submetidos à
redução calórica de até 25% da deita. Esse efeito parece ocorrer devido à
redução do metabolismo basal e, consequentemente, da produção dos radicais
livres. Além disso, essa intervenção nutricional pode levar a mudanças na
demanda hormonal, principalmente de insulina, bem como interferências na função
neuroendócrina e resposta ao stress. Isso pode parecer estranho, mas já existe
marcadores laboratoriais e clínicos desses efeitos.
Esta teoria não preconiza atitudes
extremas, não ensina a reduzir drasticamente calorias e nutrientes, não
pretende deixar ninguém desnutrido. Até porque também é bom lembrar que os
extremos de magreza também estão relacionados à maior incidência de doenças
crônicas, ao câncer e ao aumento da mortalidade por essas causas. A teoria da
menor ingestão de calorias tenta elucidar e explicar o porquê do
envelhecimento. É um ponto de partida para começar a entender a vida e as
possibilidades de preservá-la com mais qualidade.
Comer pouco parece benéfico, enquanto
comer muito, já não existe dúvida, é maléfico. O sobrepeso e a obesidade são
problemas sérios em todo o mundo e estão associados às alterações na insulina,
nas gorduras do sangue, no aparecimento da aterosclerose e do câncer. Comer
corretamente pode parecer uma tarefa impossível nos dias de hoje. O tempo é
curto, a ansiedade generalizada e as informações são, muitas vezes, simplistas
e tendenciosas, idealizando alguns alimentos e difamando outros. Esquecemos da
premissa que, em Nutrição, não existem alimentos ruins, e sim dietas
inadequadas.
A maioria das doenças crônicas tem nos
alimentos a sua mais valiosa arma terapêutica. Qualquer livro de clínica médica
descreve o tratamento das doenças sempre começando pela dieta e recomendação
sobre hábitos e atividade mais adequadas para cada indivíduo. Assim é com o
diabetes, com a hipertensão arterial, com a aterosclerose, com as doenças
cardiovasculares, com a obesidade e com as doenças inflamatórias em geral, com
as complicações da elevação do ácido láctico, com os cálculos do trato
urinário, com as alergias e intolerâncias alimentares e uma lista interminável
de males, nos quais a dieta interfere diretamente
no tratamento.
Nesse cenário, vale a pena investir em
um estilo de vida saudável através de escolhas adequadas que facilitem a
manutenção de nosso equilíbrio metabólico. Entre elas a obstinada busca
pelo peso ideal através de alimentação saudável e atividade
física. Além de um maior conhecimento sobre os benefícios dos alimentos
para nos manter saudáveis e realizar atividade física adequada ao perfil físico
e preferência individual, devemos procurar nas novas tecnologias como um meio
para a obtenção de todos os benefícios oferecidos para nosso bem estar e
equilíbrio.
Entender como funciona o corpo humano e o processo de envelhecimento é mais eficaz do que buscar a fórmula da juventude, pois nunca na história evolutiva do ser humano houve a expectativa de se viver mais de 60 anos, como há agora. Por isto, devemos planejar como queremos viver esse tempo a mais, lembrando que fundamental é querer viver bem todos os anos que teremos pela frente, não aceitando de forma passiva os acontecimentos, participando ativamente do processo de envelhecimento.